Sistema Braille: o que é e como ele funciona

03 abril, 2020     Nenhum comentário     tech_4dmin

Alguma vez na vida você  já imaginou como é ler no escuro? Bem… na prática isso é quase impossível. E, por isso, levando em consideração as pessoas que têm essa deficiência visual, foi criado o sistema braille. 

No dia 8 de abril é comemorado o dia nacional do sistema braille. E, de acordo com dados recolhidos pelo IBGE, existem, no Brasil, aproximadamente 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual – sendo que 529 mil são totalmente cegas. 

A cegueira é uma condição na qual a pessoa perde parcial ou totalmente sua visão. Ela pode ser congênita, quando a pessoa já nasce com a característica, ou adquirida no decorrer da vida

Para todas essas pessoas, o braille é uma maneira de escrita e leitura organizado em símbolos em relevo. Assim, para ler, a pessoa precisa passar as mãos sobre a superfície e decifrar os códigos. 

Como o sistema braille surgiu?

A história do surgimento do sistema braille começou em Paris, com o francês Louis Braille, nascido em 1809, em um pequeno povoado parisiense chamado Coupvray, onde morava com a sua família. Seu pai trabalhava em uma oficina e, desde muito novo, Louis o acompanhava na selaria. Por estar sempre nesse ambiente, Louis vivia em contato com os materiais que o pai usava para trabalhar. 

Aos 3 anos de idade, Louis sofreu um acidente. Enquanto brincava na oficina do pai, cortando algumas tiras de couro, a ferramenta utilizada para cortar o material escapou da mão e atingiu o seu olho esquerdo, o que gerou uma infecção grave.

Meses depois, a condição acabou afetando também o olho direito e, quando Louis completou 5 anos de idade, estava completamente cego. Mesmo assim, a cegueira não o impediu de seguir a sua vida. 

Louis continuou frequentando a escola e, por ser um aluno que se destacava, ganhou uma bolsa de estudos no Instituto Nacional para Jovens Cegos, em Paris. O colégio utilizava um método de leitura baseado em letras em fôrma de papelão, fazendo com que os alunos as reconhecessem através de seu contorno.

Aos 12 anos, Louis Braille conheceu um novo método. Esse procedimento, também conhecido como escrita noturna, foi desenvolvido por Charles Barbier – até então, para ajudar os militares a lerem no escuro – e era constituído de pontos em alto relevo na superfície de papelão.

A proposta, porém, não funcionou com os soldados – e, assim, Barbier adaptou a leitura para pessoas cegas. Todavia, por ser muito complexo – formado por uma matriz 6×6 -, associar os códigos era uma tarefa difícil e, também para o segundo público, não funcionou da maneira esperada.

Todas essas técnicas serviram de inspiração para o pequeno Louis Braille. Aos 16 anos de idade, estudando profundamente a grafia sonora e adaptando-as conforme suas dificuldades pessoais, Louis desenvolveu um novo método.

Já no contexto brasileiro, o braille começou a ser utilizado por volta de 1856, a partir de José Álvares de Azevedo, cego que aprendeu o sistema na França e trouxe consigo os ensinamentos quando retornou ao país. Por isso, é considerado patrono da educação dos cegos no Brasil.

Como funciona o sistema Braille

Em 1824, uma nova forma de leitura e escrita para pessoas cegas foi desenvolvida. O sistema Braille, em seu código original, era formado por seis pontos colocados em duas fileiras paralelas, em que cada linha representava uma letra diferente do alfabeto. 

Essa colocação permitia até 64 variações diferentes, incluindo os sinais de pontuação. Além da facilidade de entendimento, o sistema era muito versátil, já que tinha simples maneira de adequação a outros idiomas, e não só apenas ao francês. 

O sistema braille, na prática, funciona da seguinte maneira: a pessoa passa a ponta dos dedos no papel para sentir e decifrar o código em relevo.

As primeiras dez letras do alfabeto (de A a J) são representadas com os pontos 1, 2, 4 e 5. Esses pontos adotam valores numéricos de 1 a 10, sendo antecipados por um sinal característico para a indicação de algarismos. 

Em seguida, as letras de K a T são formadas pelo ponto 3, acrescentado aos sinais das letras antecedentes (A a J). Quando os pontos 3 e 6 são colocados juntamente às primeiras cinco letras do alfabeto (A a E), eles resultam na representação das letras U, V, X, Y e Z. Por fim, a letra W é representada pelos pontos 2, 4, 4 e 6.

Os sinais de pontuação e os acentos, por sua vez, são formados pelas combinações restantes.

É importante transpor todas as informações para o braille – no elevador, nas ruas, nos supermercados, banheiros e tudo o mais – porque, através dessa “tradução”, as pessoas cegas conseguem ter acesso a diversos contextos que, a princípio, apenas os não-cegos poderiam assimilar.

Assim, indivíduos de todas as idades serão alfabetizados corretamente e, consequentemente, estão aptos a ler e escrever.

Onde estudar braille?

No Brasil, existem diversos órgãos que se encarregam por ensinar o sistema braille como, por exemplo, o Instituto Benjamin Constant e a Fundação Dorina Nowill para cegos. Além deles, existem cursos online que ensinam o método braille.

Um deles, desenvolvido pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), disponibiliza aulas curtas e exercícios para fixar os aprendizados.

O Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) também oferece um curso gratuito e uma série de materiais com emissão de certificado ao final da jornada de aprendizado. Por fim, a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) oferece uma apostila gratuita que conta como o braille surgiu e como ele funciona. 

O sistema braille é indispensável porque, graças a ele, as pessoas cegas são incluídas no processo de alfabetização. É válido lembrar que a cegueira, quando não congênita, pode ser evitada com os devidos cuidados oftalmológicos. 

 

Aproveitando, quando foi sua última consulta oftalmológica?

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